MFTV TIMOR LESTE | 𝐊𝐀𝐘 𝐑𝐀𝐋𝐀 𝐗𝐀𝐍𝐀𝐍𝐀 𝐆𝐔𝐒𝐌𝐀̃𝐎 𝐏𝐎𝐑 𝐎𝐂𝐀𝐒𝐈𝐀̃𝐎 𝐃𝐀 𝟒.ª 𝐂𝐎𝐍𝐅𝐄𝐑𝐄̂𝐍𝐂𝐈𝐀 𝐃𝐀𝐒 𝐂𝐎𝐌𝐔𝐍𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄𝐒 𝐋𝐔𝐒𝐎-𝐀𝐒𝐈𝐀́𝐓𝐈𝐂𝐀𝐒

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𝐏𝐎𝐑𝐓𝐔𝐆𝐔𝐄𝐒…..🇵🇹
𝐀𝐋𝐎𝐂𝐔𝐂̧𝐀̃𝐎 𝐃𝐄𝐒𝐔𝐀 𝐄𝐗𝐂𝐄𝐋𝐄̂𝐍𝐂𝐈𝐀 𝐎 𝐏𝐑𝐈𝐌𝐄𝐈𝐑𝐎-𝐌𝐈𝐍𝐈𝐒𝐓𝐑𝐎
𝐊𝐀𝐘 𝐑𝐀𝐋𝐀 𝐗𝐀𝐍𝐀𝐍𝐀 𝐆𝐔𝐒𝐌𝐀̃𝐎 𝐏𝐎𝐑 𝐎𝐂𝐀𝐒𝐈𝐀̃𝐎 𝐃𝐀 𝟒.ª 𝐂𝐎𝐍𝐅𝐄𝐑𝐄̂𝐍𝐂𝐈𝐀 𝐃𝐀𝐒 𝐂𝐎𝐌𝐔𝐍𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄𝐒 𝐋𝐔𝐒𝐎-𝐀𝐒𝐈𝐀́𝐓𝐈𝐂𝐀𝐒
Centro de Convenções de Díli, 29 de junho de 2025
Suas Excelências, Ilustres Dignitários Representantes das Delegações das Comunidades Luso-Asiáticas
Ilustres Representantes de Organizações Internacionais
Suas Excelências, Senhores Membros do Corpo Diplomático
Distintos Deputados e Membros do Governo
Excelências, Distintos Convidados
Caros Estudantes,
Senhoras e Senhores,
É com muita honra e satisfação que acolhemos em Díli, pela primeira vez, um evento dedicado à união e preservação das Comunidades Luso-Asiáticas.
Esta Quarta Conferência das Comunidades Luso-Asiáticas é, a meu ver, histórica! Não só pela abrangência e elevada participação das comunidades, como, e sobretudo, pela mensagem importante que queremos partilhar com o mundo, a qual tem saído reforçada nestes últimos dois dias.
𝐄𝐬𝐭𝐚𝐦𝐨𝐬 𝐔𝐧𝐢𝐝𝐨𝐬 𝐧𝐚 𝐃𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞!
Independentemente de tudo o que nos separa – diferentes geografias, sistemas políticos ou ideologias, bem como percursos históricos e culturais específicos – há algo que nos une de uma forma singular: a nossa ancestralidade comum.
E isto significa que temos uma identidade partilhada que nos distingue das demais comunidades do mundo. Significa ainda que nos sentimos unidos, de forma espontânea, por laços de amizade profundos e vontade de cooperação mútua.
Esta união na diversidade nunca, como agora, foi tão pertinente! Neste mundo dividido e massacrado por conflitos, instabilidade e guerra, qualquer iniciativa que vise institucionalizar os valores da solidariedade, da cooperação e do humanismo é um rasgo de esperança!
Estamos, por isso, aqui reunidos para celebrar um entendimento comum: que na Ásia, apesar da distância física e temporal a um ascendente longínquo, subsistem comunidades que sentem e falam, ou falaram, uma mesma língua, e que partilham traços culturais e valores idênticos.
𝐄 𝐞𝐬𝐭𝐞𝐬 𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫𝐞𝐬 𝐬𝐚̃𝐨 𝐬𝐮𝐛𝐬𝐭𝐚𝐧𝐜𝐢𝐚𝐝𝐨𝐬 𝐧𝐚 𝐩𝐚𝐳, 𝐧𝐚 𝐚𝐦𝐢𝐳𝐚𝐝𝐞 𝐞 𝐧𝐚 𝐝𝐢𝐠𝐧𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞.
E são expressos em forma de arte, dança, música, cantares, ou seja, expressões culturais magníficas que temos tido oportunidade de testemunhar nestes últimos dias em Díli.
Excelências
Senhoras e Senhores
Caros Estudantes,
Timor-Leste, como sabem, tem um passado difícil de colonização, seguido de um período penoso de ocupação ilegal e violenta.
No entanto, nós, os timorenses, escolhemos ultrapassar as mágoas contidas da memória coletiva para resolver os nossos problemas e conflitos, internos e externos, através da reconciliação.
Com coragem e muito diálogo praticamos aquilo que consideramos ser a justiça com visão de futuro, ou seja, enfrentar, reconhecer e assumir e ultrapassar, enquanto Povo e enquanto Estado, os traumas de guerra e os contextos ideológicos associados a regimes históricos, desde o regime colonial ao regime da guerra fria.
Aceitar e conhecer a história, bem como confiar num sistema internacional baseado em regras, foram os triunfos que temos para partilhar com o mundo. Triunfos estes que nos permitiram ultrapassar o isolamento, adquirir coragem e resiliência para continuar a resistir, e, finalmente, conquistar a nossa soberania plena.
Este processo de desconstrução não só nos libertou de sentimentos corrosivos, como criou o espaço necessário para aquilo que realmente importa no presente: construir o Estado e a Nação e trabalhar para o desenvolvimento sustentável do nosso país.
E este exemplo nunca assumiu tanta relevância como nos tempos que correm. O mundo enfrenta desafios geopolíticos, socioeconómicos e ambientais graves, desafios que só encontrarão resposta se existir humanismo, com base nos valores mais altos da solidariedade, tolerância e cooperação.
Infelizmente, vemos hoje, que quanto mais poder e capacidade económica, maior é a intransigência. E, esta, Senhoras e Senhores, é a principal fraqueza do mundo desenvolvido: a procura incessante de fazer prevalecer os interesses económicos em detrimento da dignidade humana.
Isto quando a verdadeira coragem de um povo está na procura incessante de soluções pacíficas para os seus problemas e não na intransigência do conflito.
Estou confiante de que, nesta conferência em Díli, através desta reforçada união entre comunidades e povos, estamos a percorrer um caminho seguro para o desenvolvimento e bem-estar das nossas comunidades.
Excelências
Senhoras e Senhores,
Como sabem, Timor-Leste é o único país da CPLP localizado no Oriente. Assim, temos uma particular conexão às comunidades luso-descendentes, minoritárias, do Sri Lanka, da Malásia, Myanmar, Tailândia, China, Indonésia e Índia, reforçando a natural afinidade que temos com a região asiática, agora também através desta nova dimensão.
Reconhecemo-nos mutuamente não só pela herança cultural, religiosa e linguística, mas pelas nossas vulnerabilidades comuns, pelos desafios ultrapassados ao longo dos séculos, e, sobretudo, pela vontade de criar condições de bem-estar às nossas comunidades.
Foi com base nesta vontade de reconhecimento e diálogo que os precursores da Conferência das Comunidades Luso-Asiáticas se uniram, em 2016. Não posso deixar, por isso, de agradecer à comunidade luso-descendente do Bairro Português em Malaca por promover esta iniciativa unificadora e ousada, a qual nos trouxe ao dia de hoje, em Díli.
A visão e a vontade de preservar um património cultural único e comum, surgido de pequenas comunidades que procuram fatores de aproximação para praticar o diálogo, o respeito e a troca de experiências sobre desafios comuns, é algo a que Timor-Leste não poderia ficar indiferente.
Deste evento, para além de uma enorme festa cultural, fica o testemunho impresso na Declaração de Díli de criação da Associação das Comunidades Luso-Asiáticas. A institucionalização desta Associação, com base jurídica em Díli, enche-nos, pois, de orgulho.
Acredito que, com o apoio dos países destas comunidades, e com o apoio da CPLP e de todos quantos se queiram juntar a esta missão de promoção de comunidades centenárias com uma importante riqueza cultural e patrimonial, podemos também promover a paz, a tolerância e o desenvolvimento dos nossos povos.
Termino agradecendo não só a todas as comunidades que se deslocaram a Timor-Leste para participar neste evento, como a todos os grupos culturais pelas suas magníficas representações, bem como à Comissão Organizadora da Conferência pela dedicação e excelente trabalho realizado.
Uma palavra também de especial apreço à presença do Secretário Executivo e Representantes dos Países da CPLP que vieram enriquecer esta conferência.
Que o dia de hoje venha afirmar outros tantos séculos de amizade e solidariedade entre os nossos povos, reforçando o importante sentimento de pertença e felicidade mútua.
Muito obrigado por terem vindo, por partilharem os nossos laços, a nossa amizade e, claro, o nosso futuro.
Kay Rala Xanana Gusmão